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... sobre limites

Foto do escritor: Negritude OutdoorNegritude Outdoor

Por Rafa Rebello


Há muito tenho batalhado para equilibrar vida profissional, ativismo e minha vida particular. Vivendo numa sociedade em que há pressão do capitalismo pela alta produtividade, resultados... cheguei ao limite. Foi difícil reconhecer isso enquanto escalador e atleta.


Quando é a hora de parar? Quando devemos dar uma pausa? Qual limite? Sempre estamos ávidos por mais uma tentativa, mas às custas de que?


Notei que essa mentalidade de persistir por persistir me levava ao burnout, lesões escalando, depressão.


Entendi que depois de alguns anos trabalhando como voluntário, que a sociedade/apoiadores esperam um grande impacto dos projetos e resultados nas ações investindo, na maioria das vezes o mínimo, e ainda, desconsidera-se que, na maioria das vezes, as pessoas que podem estar realizando esse trabalho também vivem algum tipo de situação de vulnerabilidade. Desconsideram quem somos racialmente.


Dia da consciência negra é uma data que muitas pessoas nos buscam para nos dar a oportunidade de expandir nosso debate, divulgar nosso corre.


Mas é importante lembrar que oportunidade, divulgação são coisas que não pagam as nossas contas e tempo investido estudando, adquirindo conhecimento e vivência.


Produzir conteúdo, realizar palestras, participar de eventos...etc. Tudo isso é trabalho. É tempo.


E se você não está ganhando algo com isso, pode ter certeza que alguém estará.

E quer ironia maior? Geralmente as organizações que convidam para estas ações, em sua maioria são compostas por pessoas brancas.


Importante refletir trabalhar de graça no dia da consciência negra (ou qualquer dia) , remete a uma prática antiga "abolida" no brasil e no mundo. Abre espaço para que nossas narrativas sejam usadas para legitimar um suposto antirracismo dessas instituições que na prática diária pouco fazem para mudar a realidade e no final só se movem por mea culpa e conveniência nessa data. É como se no resto do ano o debate não existisse, nem nós.


A todes negres que me seguem, desejo que se preservem. Cuidem de si, dos seus. Consciência negra é sobre autopreservação também. Resistir sem ser pelo confronto direto. Pedagoginga neles!


Axé!

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