Nem todos sabem, mas a Floresta da Tijuca, que hoje serve de moldura para as paisagens paradisíacas do RJ, já foi quase careca em algumas partes, era chamada de “terras cansadas” e “matas estragadas”, e no século XIX, estava quase que completamente devastada, ocupada por fazendas, pastos e lavouras de café, produto cada vez mais lucrativo naquela época.
O problema não era do século XIX em si, pois já ao longo do século XVIII com o cultivo do café e da cana-de-açúcar, a extração de lenha e exploração de carvão, a floresta já estava indo pro beleléu.
Só que aí surgiu um problema grave...
O desmatamento, somado ao aumento da população, ao clima seco em alguns anos e à falta de infraestrutura no Rio, acabou, por vezes, deixando a capital imperial sem abastecimento de água.
Uma consequência grave foi o surgimento de um mercado paralelo de venda de água, a disseminação de doenças e o caos instaurado na cidade!
Vocês devem ter uma ideia e dimensão de quais parcelas da população sofriam mais com isso, né? Ainda existia a escravidão, diga-se de passagem!
Daí surge a pauta do reflorestamento e soluções para o abastecimento da cidade.
O processo começou em 1861, quando o Visconde do Bom Retiro deu ao Major Manoel Gomes Archer a missão de replantar as árvores da floresta, com a ajuda de negros escravizados e pessoas assalariadas.
A coroa então desapropriou as terras e pagou indenizações aos fazendeiros, que usualmente contestavam o valor que receberiam por terras nativas que originalmente nem eram deles.
A Floresta da Tijuca foi então fundada, e o processo de reflorestamento durou décadas. O legado do colonialismo dá o crédito dessa herança aos homens que lideraram o reflorestamento, como o Major Archer e o Barão Luís Escragnolle.
Mas voltando lá atrás na História, quem desmatou pra lucrar com a Floresta?
Certamente não foram os indígenas e negros escravizados.
Por isso o pensamento decolonial é importante para entendermos todas as questões e ações rumo a um futuro justo de verdade.
Artigo elaborado por Denilson Silva @savagesatori criador do movimento Negritude Outdoor.
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