“Um esporte não deve ser um jogo ou mero entretenimento voltado para a população urbana e burguesa. Nossa maior tarefa é compreender constantemente o que está acontecendo em nossos países. Não devemos cultivar o espírito do excepcional ou procurar por heróis ou outra forma de líderes. Devemos elevar nosso povo e expandir suas mentes, capacitar, diferenciar e humanizar todo o nosso povo”. Frantz Fanon, em “Os Condenados a Terra”, 1961.
Acredito que o esporte como ferramenta de mudança deva ir além de qualquer sentimento que se fundamente puramente no ego e nas meras conquistas individualistas. O recordista, a conquistadora, o desbravador, o mais forte, a mais rápida…. Bla bla bla!
Inspirar transformação física ou psicológica, com conquistas pessoais realistas e úteis, e transformação social, cultural, econômica, racial, com conquistas coletivas que visem educar e empoderar, pode e também deve ser função dos esportes e atividades ao ar livre como um todo.
Não a toa o movimento coletivo Negritude Outdoor visa celebrar e inspirar conexões e protagonistas negros/negras nestas atividades e esportes.
É sobre empoderamento sim!
Isso para que não tenhamos que seguir alimentando e copiando estruturas de poder que não nos servem e nunca nos serviram, que hierarquizam e exploram pessoas, relações e lugares, que discriminam e violentam nas mais variadas formas, explícitas ou sutis.
Estruturas que sobrevivem alimentadas por problemas sistêmicos que estão presentes também nos esportes e atividades outdoor, quer queiramos ou não, quer admitamos ou não.
Racismo, sexismo, homofobia, classismo, xenofobia, estão todos na mochila coletiva do universo outdoor, em diferentes medidas, mas estão.
Essa mochila precisa ser rearrumada, mas por quem?
E quanto a nós, negros e negras, pensemos de que nos vale copiar algo que não fomos nós que criamos e é usado para nos explorar e enfraquecer!
Façamos o diferente, não por um, mas por todos/todas nós!
Artigo de Denilson Silva @savagesatori , criador do Negritude Outdoor.
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