Paulo Bastos foi o primeiro escalador carioca a ter patrocínio nos anos 80!
Em uma entrevista realizada com o Paulo pelo @blogdescalada , ele contou que soltava pipa na varanda de sua casa, e as pessoas que passavam no local e viam uma criança negra brincando por trás das barras de proteção o apelidaram de macaco.
Esse apelido perdurou por anos, até na sua carreira como escalador.
Quantas crianças brancas fizeram o mesmo que Paulo e foram animalizadas e comparadas a um animal enjaulado?
Bastos foi um atleta com um estilo de escalada único, abriu o boulder “Olhos de fogo”, graduado em V9 (possivelmente o 1º do Brasil), foi o primeiro campeão brasileiro de escalada e campeão sul-americano, nos anos 80.
Sua carreira sofreu grandes mudanças após contrair HIV e perder a visão, e também perder sua mulher e o único filho.
Paulo Bastos seguiu, escalou um big wall, cego!
Seu legado deve ser lembrado como inspiração para escaladores(as) negros(as)!
Um homem negro que é uma das maiores referências da escalada em boulder no Brasil.
Representatividade importa, faz parte do processo de se sentir parte de algo. É sobre se ver.
Nós dá a sensação de pertencimento a um espaço majoritariamente ocupado pela branquitude. Segundo o último senso de montanhismo 70% dos praticantes são brancos em um país em que mais de 50% da população é negra, uma composição racial contraditória em um esporte que deveria ser “pra todos”.
Não buscamos tomar espaços, mas reivindicar nosso direito de estar em todos os espaços. É sobre termos a mesma liberdade de escolha, e principalmente os meios para acessar e gozar dessa liberdade.
É visível que ainda temos espaços a conquistar, para que surjam mais Paulos na escalada brasileira!
Artigo de Rafa Rebello @rafah.rebello escalador, Condutor de Turismo na Chapada Diamantina, BA, e griô @negritudeoutdoor , um movimento coletivo que trabalha para celebrar e expandir a presença e protagonismo de pessoas negras no universo outdoor brasileiro.
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